Baixa qualidade do ar agravou sintomas de pacientes que têm problemas respiratórios e adoeceu pessoas sem histórico de doenças pulmonares. UPA 24h em Santarém-PA
Agência Santarém
Levantamento realizado pelo núcleo epidemiológico da Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas, apontou que, no período de 1º a 26 de novembro de 2024, foram atendidos 1.045 pacientes com sintomas respiratórios na UPA de Santarém, no oeste do Pará. Nesse mesmo período, o município registrou os piores níveis de poluição do ar por fumaça de incêndios florestais e queimadas. Metade desses pacientes, segundo a UPA, necessitaram de internação.
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Em 2023, o número de pacientes atendidos com problemas respiratórios chegou a 733 pacientes atendidos durante todo o mês de novembro. O aumento até o dia 26/11 foi de 42,56% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o recomendado é um IQar (Índice de Qualidade do Ar) entre 0 e 50. Mas em Santarém, o índice chegou a 394 microgramas de poluentes por metro cúbico, considerado insalubre, no domingo (24).
Paciente com máscara de oxigênio (imagem ilustrativa)
Willy Kurniawan/Reuters
A poluição foi mais de 40 vezes superior ao parâmetro anual de qualidade do ar. Desde as primeiras horas do dia, uma densa nuvem de fumaça encobriu o céu de Santarém. Mal dava pra ver os edifícios e na Orla da cidade, não era possível visualizar o outro lado do rio.
Ardência nos olhos, dificuldade de respirar e tosse seca foram os principais incômodos relatados por romeiros que caminharam 7k do Círio de Nossa senhora da Conceição na manhã de domingo. na chegada à Praça da Matriz, muitas pessoas passaram mal e precisaram de atendimento médico.
Na quinta-feira 21/11, já tinha sido registrada a pior qualidade do ar do país, quando o município de Santarém atingiu 307 (µg/m³), conforme dados da plataforma de monitoramento PurpleAir.
Dados de atendimento de pacientes com problemas respiratórios em 2024 na UPA 24H
Reprodução
Por conta do problema, que já reflete na prioridade da qualidade de vida da população, no domingo, o prefeito Nélio Aguiar usou suas redes sociais para informar que havia enviado um ofício ao presidente Lula, relatando os problemas vivenciados pela população por conta da fumaça, e pedindo ajuda do Governo Federal para combater focos de incêndios em Santarém e demais municípios da região oeste do Pará.
Decreto de emergência ambiental
Na segunda-feira (25), o prefeito Nélio Aguiar assinou o Decreto nº 698/2024, que declara situação de emergência ambiental no município de Santarém. A medida foi tomada em razão da deterioração da qualidade do ar, agravada pelas queimadas que têm atingido a região e impactado a saúde da população, com aumento de doenças respiratórias.
O decreto, válido por 180 dias, proíbe o uso de fogo para qualquer finalidade, incluindo limpeza e manejo de áreas, em todo o município. Contudo, há exceções previstas, como práticas de combate a incêndios supervisionadas por órgãos competentes, atividades agrícolas de subsistência realizadas por comunidades tradicionais e indígenas, controle fitossanitário com autorização ambiental e pesquisas científicas também autorizadas.
Segundo o prefeito, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) desempenhará papel fundamental no enfrentamento da crise e está encarregada de:
Emitir alertas e boletins meteorológicos;
Articular estratégias interinstitucionais para combater incêndios florestais;
Priorizar a fiscalização de denúncias sobre focos de queimadas e adotar providências legais contra os infratores;
Formalizar parcerias com outros órgãos para garantir eficiência nas ações.
Além disso, contratações emergenciais para combate a incêndios e intensificação de fiscalizações poderão ser realizadas sem licitação, desde que concluídas no prazo de 180 dias.
Nesta quarta (27), o índice de poluição do ar em Santarém é de 97.0, segundo a plataforma PurpleAir. Embora seja possível ver o céu azul e o outro lado do rio, a qualidade do ar ainda está longe do ideal considerando os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde.
*Colaborou Adriana Marinho, da produção de jornalismo da TV Tapajós
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