- Author, Daniela Fernandes
- Role, De Paris para a BBC Brasil
O Brasil deverá crescer 1,4% em 2015 contra 0,3% neste ano, mas ainda abaixo de vários emergentes e países ricos, informou um relatório divulgado nesta segunda-feira pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
O estudo, intitulado Avaliação Econômica Intermediária, revisou consideravelmente para baixo as previsões em relação ao crescimento da economia brasileira neste ano e no próximo.
Segundo a OCDE, a alta do PIB brasileiro (Produto Interno Bruto, a soma dos bens e serviços produzidos por um país) em 2014 deve ser inferior, inclusive, à da Zona do Euro (0,8%), que ainda não conseguiu se recuperar totalmente da crise financeira.
No próximo ano, o Brasil continuará crescendo menos do que a China (7,3%) ou a Índia (5,9%) e também terá expansão menor do que países como Estados Unidos, Alemanha e Canadá. Por outro lado, deve ter um crescimento maior que o da Zona do Euro (1,1%) e da Itália (0,1%), diz a OCDE.
Investimentos
Em maio passado, no relatório Perspectivas Econômicas, publicado semestralmente, a organização havia previsto que a economia brasileira cresceria 1,8% em 2014 e 2,2% em 2015.
O novo levantamento diz que, no curto prazo, o Brasil deve registrar “apenas uma lenta retomada econômica após a recessão”, ressaltando que a inflação permanece acima da meta e sugerindo, assim, que as políticas monetárias deverão continuar restritivas.
A economia brasileira entrou oficialmente em recessão – quando há dois trimestres consecutivos de queda – no final deste primeiro semestre.
A OCDE destaca que os investimentos no Brasil têm sido particularmente fracos neste ano, “afetados pelas incertezas em relação à direção da política econômica após as eleições e pela necessidade de reduzir a inflação”.
A organização ressalva, no entanto, que “uma recuperação moderada do crescimento pode ser esperada no Brasil quando esses fatores se dissiparem”.
Mas o crescimento da economia brasileira “deve permanecer abaixo do potencial em 2015”, prevê a OCDE.
O novo documento divulgado nesta segunda-feira tem o objetivo de atualizar as previsões e análises publicadas em maio, avaliando se elas continuam pertinentes.
As novas perspectivas no curto prazo foram publicadas devido à reunião de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 nos dias 19 a 21 de setembro em Cairns, na Austrália.
Ritmo desigual
A OCDE também afirma no documento que uma expansão econômica moderada está em andamento na maioria das economias desenvolvidas e emergentes, mas isso ocorre a um ritmo desigual entre as regiões.
“Há um aumento das diferenças entre as principais economias. A retomada nos Estados Unidos é sólida e o crescimento é uma tendência no Japão e na China e também está se reforçando na Índia, após o recente ritmo fraco”, afirma o documento.
O cenário contrasta com a situação do Brasil, com perspectiva de recuperação lenta da economia, e também nos países da zona do euro, onde a expansão permanece fraca no curto prazo e “há risco de estagnação prolongada se não houver medidas para aumentar a demanda”, estima a OCDE.
O PIB dos Estados Unidos deve crescer 2,1% neste ano e 3,1% em 2015, contra 2,6% e 3,5% previstos no estudo de maio passado.
A zona do euro deve crescer apenas 0,8% neste ano. Enquanto a Alemanha deve ter expansão de 1,5% neste ano e no próximo, a Itália, por exemplo, deve encerrar 2014 com retração de 0,4% do PIB e crescimento de apenas 0,1% em 2015.
A economia da China deve avançar 7,4% em 2014 e 7,3% no próximo ano, sem mudanças em relação às estimativas anteriores.
Já no caso da Índia, a OCDE revisou para cima a estimativa de crescimento econômico do país neste ano, que deverá ser de 5,7%, contra 4,9% previsto anteriormente para o mesmo período. Em 2015, o PIB indiano deverá crescer 5,9%.
“O grupo de economias emergentes continuará crescendo muito mais rápido do que os países avançados, mas o ritmo também é desigual entre esses países”, afirma a OCDE, comparando a expansão do PIB na China e na Índia e os números bem mais modestos no Brasil.
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