Artista mapurbe mistura rap e cantos ancestrais para celebrar a música indígena contemporânea e conectar culturas por meio do projeto Abya Yala em Trânsito. Em dezembro, a artista se apresentou em Belém, no Psica, maior festival de música da região Norte e um dos mais importantes do Brasil. Em entrevista ao g1, ela comentou sobre os novos projetos e sobre sua ligação com a Amazônia.
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“O final de ano teve esse clima de celebração, de encontro, como uma festa para a cena musical e artística. Participar disso foi tão gostoso! A energia do festival, a comida deliciosa, o ambiente acolhedor e as pessoas incríveis que movimentam a cultura e a música no Brasil tornam tudo ainda mais especial. Sem dúvida, quero estar presente nos próximos Psicas”, comemora.
Brisa de La Cordillera, mais conhecida como Brisa Flow, é uma das artistas mais marcantes da música brasileira contemporânea. Cantora mapurbe marrona, MC, produtora musical e arte-educadora, Brisa une o poder ancestral dos cantos originários à força do rap, jazz, eletrônico e neo-soul.
Filha de artesãos do sul do Chile e criada em Minas Gerais, Brisa traz em sua trajetória a magia dos Andes e a riqueza da cultura dos povos originários. “Cresci em Sabará, ao lado de uma montanha que chamamos de anciã. Cantava para ela, improvisando cantos. Quando fecho os olhos no palco, essa memória me guia”, revela a artista, que acredita que a conexão com suas raízes se reflete na forma de cantar, dançar e cultuar Pachamama.
Sua carreira começou em Belo Horizonte, nas batalhas de freestyle, onde encontrou no Hip Hop sua primeira escola. “Foi ali que aprendi história, geografia, direitos humanos, respeito e autoestima”, relembra. Licenciada em Música, Brisa expandiu seu horizonte artístico, desenvolvendo apresentações descritas como rituais, onde improvisação e energia vital se encontram. “Gosto de juntar palavras como uma reza, chamando por comida sem veneno, água limpa e saúde para todos”.
Em 2022, lançou Janequeo, seu terceiro álbum, inspirado na guerreira mapuche que simboliza amor, coragem e autonomia. O disco combina rap, eletrônico e sonoridades tradicionais, com colaborações de Monna Brutal, Sodomita, Ian Wapichana, Aby Llanque e Tidus. As faixas Marrona Libre, Dentro dos Seus Olhos e Etnocídio ganharam videoclipes exibidos em festivais de cinema e videoclipe, incluindo o Museu de Arte Pré-Colombiana em Santiago. “Foi emocionante ver nossa vivência sendo compartilhada em outros territórios. É um dos meus maiores sonhos artísticos”, afirma.
Com mais de 50 mil ouvintes mensais e apresentações em palcos como Lollapalooza, Rock in Rio, Casa Natura Musical e Itaú Cultural, Brisa Flow consolida sua relevância na cena musical. No último domingo, dia 15/12, a artista marcou presença no Psica, maior festival de música da região Norte e um dos mais importantes do Brasil.
Agora, com o projeto Abya Yala em Trânsito, patrocinado pela Natura Musical, a artista embarca em uma turnê que, depois de passar pelo Chile, percorre pelo México, Colômbia e Bolívia. “Cantar em territórios sagrados, trocar com cenas locais e conhecer outros artistas tem sido transformador. É um movimento de fortalecimento da música independente na América Latina”, celebra.
Além disso, Brisa está registrando essa experiência em um documentário que conectará culturas, inspirando mulheres e criativos periféricos. “Meu trabalho é sobre cantar e dançar para nos sentirmos vivos, chamar abundância e motivar outros artistas indígenas a construir seus sonhos”, conclui.
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