Rotas mapeadas
Anualmente milhares de pessoas – muitas delas fugindo de conflitos na África e no Oriente Médio – arriscam suas vidas cruzando o Deserto do Saara e o Mar Mediterrâneo em veículos e barcos precários para chegar à Europa.
Organizações não-governamentais estimam que aproximadamente 20 mil pessoas podem ter morrido tentando chegar à Europa nas últimas duas décadas.
Para ter um diagnóstico mais preciso do problema, a Frontex (agência europeia de fronteiras) e o Centro Internacional para Desenvolvimento de Políticas Migratórias produziram uma série de mapas que identificam as maiores rotas centros de concentração usados pelos migrantes na região.
Nos dois casos mais recentes, centenas de imigrantes ilegais morreram em dois naufrágios. No primeiro deles, ocorrido na quinta-feira, até 500 pessoas estavam em uma embarcação que afundou perto da Ilha de Malta, no Mediterrâneo.
A Organização Internacional de Imigração citou dois sobreviventes palestinos, que alegam que traficantes afundaram de propósito o barco após uma discussão a bordo. As autoridades maltesas ainda não comentaram o incidente.
A maior parte dos migrantes que cruzam o Mediterrâneo a partir da Líbia e da Tunísia são originários da Eritrea e da Somália. Contudo, a guerra civil na Síria está elevando o número de sírios que também usam essa rota.
No último ano, intensificou-se ainda mais a saída de imigrantes a partir Líbia. Traficantes de pessoas estão se aproveitando do caos político no país, onde milícias rivais estão em conflito, tornando o país um importante ponto de partida em muitas destas viagens.
No último mês, foram registrados ao menos quatro naufrágios de barcos que partiram do país.
O número de usuários das várias rotas ao longo do Mediterrâneo tem fluxo e refluxo.
De 2008 a 2012, um grande número de migrantes cruzou o mar entre a Turquia e a Grécia pela chamada Rota do Mediterrâneo do Leste, segundo a Frontex. Para fazer frente a isso, a Grécia reforçou seus controles de fronteira com mais 1,8 mil policiais.
Mas a Frontex diz que a área continua problemática e aponta para “incertezas relacionadas à insustentabilidade dos esforços (gregos) e evidências de que os imigrantes aguardam na Turquia pelo fim da operação”.
Na última década, a rota que passa pelo centro do Mediterrâneo tem experimentado picos periódicos no tráfego de imigrantes.
Dados da Acnur sugerem que cerca de 25 mil pessoas chegaram na Itália a partir do norte da África em 2005. Esse número diminuiu para cerca de 9,5 mil em 2009.
Porém em 2011 esse número voltou a crescer atingindo a marca de 61 imigrantes. A alta foi motivada pelo conflito da Líbia, que culminou com a queda do coronel Muammar Khadafi.
No começo da década, a rota mais popular entre imigrantes ilegais era entre o oeste africano e a Espanha. Ela incluía territórios espanhóis no norte da África como Ceuta e Melilla e as Ilhas Canárias.
Aproximadamente 32 mil imigrantes teriam usado esse caminho em 2006, porém o número caiu para cerca de 5,4mil em 2011.
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