As Nações Unidas estimaram nesta terça-feira em US$ 1 bilhão (cerca de R$ 2,3 bilhões) o valor necessário para combater a epidemia de ebola no oeste da África, considerada pela organização uma crise na saúde “sem precedentes nos tempos modernos”.
Segundo a ONU, o montante exigido para conter o surto cresceu dez vezes em relação ao mês passado por causa da velocidade de proliferação da doença.
“Precisávamos de cerca de US$ 100 milhões (R$ 230 milhões) um mês atrás e agora o valor já subiu para US$ 1 bilhão (R$ 2,3 bilhões). Ou seja, a quantia necessária para frear o ebola cresceu dez vezes em apenas 30 dias”, afirmou em Genebra o coordenador da ONU para o ebola, o britânico David Nabarro.
“Por causa da maneira como o surto está avançando, precisamos de um esforço sem precedentes, massivo, para combatê-lo”, acrescentou Nabarro.
Dados recém-divulgados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostraram que o vírus matou 2.461 pessoas somente neste ano, metade do número total de infectados.
Enquanto a doença provoca mais vítimas fatais, crescem também as críticas à lentidão de uma resposta internacional à epidemia.
Dez vezes
O surto de ebola começou em março na Guiné antes de se espalhar para os vizinhos Serra Leoa e Libéria. Também houve casos na Nigéria e no Senegal, mas os dois países conseguiram conter a transmissão do vírus.
Segundo a ONU, o vírus já infectou pelo menos 4.985 pessoas. Metade desse total costuma morrer por causa da doença.
“Essa crise de saúde que estamos enfretando é sem precedentes nos tempos modernos. Não sabemos para onde os números vão nos levar”, afirmou Bruce Aylward, vice-diretor da OMS.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou planos para enviar 3 mil militares americanos para a Libéria, um dos países mais afetados pela epidemia. O objetivo é ajudar a combater o vírus.
Autoridades afirmam que as tropas americanas vão construir 17 postos de saúde, cada um com 100 camas, entregar kits de saúde a centenas de milhares de casas e ajudar a treinar 500 profissionais de saúde por semana.
Excluídos
A ONG Médicos sem Fronteiras (MSF) pediu a outros países que tomem iniciativa semelhante à dos Estados Unidos como forma de frear a epidemia.
Para a presidente da MSF, Joanne Liu, deveria haver uma “resposta coordenada, organizada e executada sob uma clara cadeia de comando” para conter a proliferação do vírus.
“A janela de oportunidades para combater a epidemia está se fechando”, afirmou ela. “Precisamos que mais países se unam nesta luta, precisamos de um efetivo maior e precisamos disso agora”.
Segundo Liu, indivíduos infectados com o vírus na capital da Libéria, Monróvia, vêm batendo à porta dos postos de saúde da MSF desesperados por um local seguro onde podem ser isolados e receber tratamento.
“Tragicamente, nossas equipes têm de dissuadi-los, nós não temos capacidade suficiente para atendê-los”, afirmou a especialista.
“Doentes estão sendo forçados a voltar para suas casas, infectando outras pessoas e continuando a espalhar esse vírus mortal. Tudo isso por causa da falta de uma resposta internacional”.
Na manhã desta terça-feira, a OMS elogiou a promessa da China de montar um laboratório móvel em Serra Leoa, com epidemiologistas, clínicos e enfermeiras.
“A necessidade mais urgente para conter o vírus ebola é um aumento no número de profissionais de saúde”, afirmou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, por meio de um comunicado.
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